Projeto:
A Prática Docente Reflexiva e seus
Desafios
Apresentação
Monteiro Lobato e os Temas
Transversais
(Trabalho Interdisciplinar)
Sabemos que a
construção da cidadania nos leva a uma prática educacional alicerçada na
compreensão da realidade social e dos compromissos e responsabilidades em
relação à vida pessoal e coletiva e nada melhor do que aliar os estudos dos
temas transversais ao estudo literário das obras de Monteiro Lobato, utilizando
práticas artísticas e de reciclagem par que o aprendizado ocorra de forma
lúdica e prazerosa.
Descobrimos na
literatura de Lobato busca pela identidade racional e preservação da dignidade
humana, igualdade de direitos, participação e direito à educação e
corresponsabilidade pela vida social.
A ética é uma
constante nas obras de Lobato, sempre lembrando que a dimensão ética da
democracia consiste na afirmação daqueles valores que garantem a todos o
direito de ter direito.
Em especial nos
propomos a observar a ética nas fábulas de La Fontaine e Esopo (traduzidas por
M. Lobato) para discutirmos a ética e a moral e o aspecto fundamental da
existência humana: a criação de valores tão necessários ao convívio em
sociedade.
Discutimos o
conceito filosófico de ética como reflexão crítica sobre a moral. Produzimos
textos livremente após o estudo refletindo sobre o Dia Internacional da Mulher
e o papel da mulher em diferentes épocas e na atualidade e em especial o papel
da mulher nas obras de Lobato vale exemplificar o texto “Presidente Negro” que
é como um manifesto feminista reflexivo.
Refletimos
especialmente a citação do autor no conto Negrinha “existem dois momentos
sublimes na vida da mulher, o momento da boneca preparatório e o momento dos
filhos definitivo. Depois disse está extinta a mulher”.
Em especial falamos
sobre o papel da mídia na sociedade brasileira hoje e os desafios de uma
reflexão ética do papel da mulher na sociedade atual.
A pluralidade Cultural
foi um desafio até certo ponto, pois, como se trata de uma escola evangélica
parecia tabu falar em crenças afro-brasileiras e capoeira, etc, nós procuramos
conduzir o tema sem ferir as crenças, mas tratando de forma clara e objetiva,
partindo da formação do povo brasileiro e nossa herança do povo português, os
índios primeiros habitantes da terra e dos negros que foram feitos escravos e
que nos legaram uma diversidade cultural e até mesmo alimentar enorme.
Aprendemos técnicas de reciclagem de papel e outros e decoramos os eventos.
Refletimos sobre a
importância de Tia Nastácia como personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo e pela
forma respeitosa como era tratada pelos netos da Dona Benta e até mesmo pela
irreverente Boneca Emília.
Sofremos ao ler o
conto “Negrinha” e conhecer o sofrimento daquela menina, refletindo ao mesmo
tempo o desrespeito a pessoa humana que acontecia com todos os escravos.
Avaliamos o
objetivo dos portugueses ao colonizarem o Brasil, o contexto da época e o que
mudou após a independência, também o legado cultural que nos deixaram. Em
especial refletimos a respeito da injustiça com os povos indígenas que tiveram
sua cultura praticamente dizimada e vivem atualmente como tutelados da FUNAI, a
luta pela propriedade da terra e preservação de sua cultura e o que
incorporamos ao nosso dia-a-dia da cultura indígena.
Visitamos o Centro
de Cultura e Convívio dos Povos Indígenas e os alunos ficaram encantados com
este convívio. Aliamos este estudo ao evento de comemoração ao Descobrimento do
Brasil, Aniversário de Brasília (também realizamos uma excursão com os alunos
aos pontos turísticos de Brasília), Aniversário de Sobradinho e Libertação dos
Escravos.
Os alunos
confeccionaram trabalhos artísticos, fizeram murais e também produziram textos muito
bons que fizeram parte da coletânea da escola. A reflexão principal foi sobre a
desigualdade social e discriminação articulando-se no que se convencionou
denominar “exclusão social” produzida pela sociedade. Em aritmética da Emília
estudamos conteúdos da série e a geometria presente nos monumentos de Brasília.
O meio ambiente foi
estudado a partir do texto a “Reforma da Natureza” de Monteiro Lobato, o meio
ambiente do Sítio e o tema da campanha da Fraternidade: “Água Fonte de Vida”.
Estudamos os recursos
hídricos de Sobradinho, as formas de preservação do meio ambiente no que tange
aos recursos minerais, animais, vegetais e sobre tudo o ser humano como ser
inteligente e responsável pelo meio ambiente. Os textos produzidos pelos alunos
refletiram uma maior conscientização quanto a preservação do meio ambiente.
A saúde foi
consequência do estudo sobre o meio ambiente e fizemos uma
interdisciplinaridade consciências e os conteúdos de saúde estudados na série.
O importante foi que os alunos entenderam a importância de cuidarmos de nossa
saúde física, mental e espiritual a partir dos textos de educação religiosa e a
obra de Lobato foi somente um suporte, pois, fala de uma vida saudável, em
contato com a natureza e uma elevação da consciência ambiental e cultural para
que passem a cuidar melhor de si mesmos e do meio ambiente. Exemplificando
falamos de Jeca Tatu, personagem criado por Monteiro Lobato para falar do
abandono do homem do campo e da falta de cultura e direitos humanos da época, a
partir do estudo da obra estabelecemos um paralelo com a época atual falando de
uma reforma agrária e sua importância. Os alunos falaram em seus textos da
saúde e da valorização do eu, da individualidade, nossas características
genéticas e o respeito às diferenças. Procuramos dar ênfase a natureza
“cíclica” da natureza, sustentabilidade, manejo e conservação ambiental e sua
relação com a nossa saúde.
A orientação sexual pegou o “gancho” da saúde,
pois falamos de reprodução humana e animal e focando o corpo como matriz da sexualidade
e o papel social da mulher na época de Monteiro Lobato e no mundo atual.
Trabalhamos a ética das relações, debatemos sobre o papel dos meios de
comunicação e a descaracterização do casamento, do amor e da relação
homen-mulher. Falou-se da banalização do sexo, da desvalorização da mulher e a
importância de uma sexualidade responsável como garantia de uma vida feliz,
saudável e livre de doenças sexualmente transmissíveis.
O trabalho e
consumo enquanto o tema transversal no mundo globalizado, trabalhos no estudo
aliado aos estudos de geografia e história e às necessidades atuais dos jovens
no mercado de trabalho. Nas histórias de Tia Nastácia a geografia de Dona
Benta, localizamos a Grécia das Olimpíadas e a oportunidade de geração de
empregos num evento de tal porte. Enfocamos mais uma vez a saúde ligada a
praticas esportivas e produzimos textos sobre os assuntos tratados. Nas aulas
de ciências/química os alunos aprenderam a confeccionar velas, sabonetes
artesanais e outros e refletiu-se sobre a importância do artesanato, não
somente como ornamentação da escola em eventos, mas como fonte de renda para
muitas famílias.
Para maior
enriquecimento vocabular lemos para a turma “O Colocador de Pronomes” de
monteiro Lobato para incentivá-los a se esmerarem na correção vocabular e
produção de textos redacionais, despertando o cuidado com a nossa língua
materna, beleza e clareza linguística nos textos da coletânea da escola.
Em suas
obras emergem a compreensão do ser humano, do mundo e da sociedade. De sua obra
se compreende o papel do professor, do aluno, da escola e dos elementos que
compões o ambiente escolar. Oportunamente analisando as tendências pedagógicas
e a prática docente que os professores envolvidos no projeto adotam e os
estudantes do curso de pedagogia puderam entender melhor o cotidiano da sala de
aula.
Os
estudantes tiveram oportunidade de analisar os ambientes educativos e a
epistemologia dos professores.
Na
pesquisa lemos: Fernando Becker* que desenvolveu a ideia de modelos pedagógicos
e modelos epistemológicos para explicar os pressupostos pelos quais os
professores atuam.
*O
professor Fernando Becker é Doutor em Psicologia escolar e atua
profissionalmente na Faculdade de Educação na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS)
Lemos
também durante a pesquisa a classificação do processo de ensino e de
aprendizagem segundo as abordagens pedagógicas Mizukami (1986).
Segundo
Mizukami (1986, p. 99) a relação professor-aluno é horizontal e não imposta,
onde um educador se coloca no lugar do outro para que o processo educacional
seja real, consciente.
[...] O professor procurará criar
condições para que, juntamente com os alunos a consciência ingênua seja
superada e que estes possam perceber as contradições da sociedade e grupos em
que vivem.
Haverá preocupação com cada aluno
em si, com o processo e não com produtos de aprendizagem acadêmica
padronizados. O diálogo é desenvolvido segundo o estudioso, ao mesmo tempo em
que são oportunizados a cooperação a união a organização, a solução em comum dos
problemas.
Nós nos
aprofundamos na abordagem humanista em que considera a escola lugar onde se
oferecem condições que possibilitam a autonomia do aluno, cognitivista que
prevê que a escola deve possibilitar que o aluno aprenda para si mesmo (pela
pesquisa) e a abordagem sociocultural, segundo a qual a escola é local onde
deve ser possível o crescimento mutuo do professor e dos alunos, num processo
de conscientização, na auto-avaliação ou avaliação mútua e permanente da
prática.
O
estudo das tendências pedagógicas foi fascinante na medida que nos favoreceu
uma viagem histórica e nos oportunizou ir ao encontro dos diferentes saberes,
das diferenças do saber, conhecer e acompanhar as filigranas que envolvem a
evolução do pensamento pedagógico, desde a Antiguidade até os dias de hoje.
Essas
abordagens contribuíram como matéria-prima para estudarmos a nossa função, ao
estudarmos a escola e o aluno, a fim de dispor de alternativas que o
subsidiarão na escolha da futura práxis ao acadêmico do curso de pedagogia, distinguindo
elementos favoráveis e desfavoráveis em cada uma das tendências frente a
contemporaneidade.Os acadêmicos entenderam que a escolha do caminho a seguir, é
postulado na proposta pedagógica da instituição, não um ato solitário, mas uma
opção feita de forma consciente no coletivo de toda a comunidade escolar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário