quinta-feira, 19 de abril de 2012


Projeto:
A Prática Docente Reflexiva e seus Desafios

Apresentação
Monteiro Lobato e os Temas Transversais
(Trabalho Interdisciplinar)

Sabemos que a construção da cidadania nos leva a uma prática educacional alicerçada na compreensão da realidade social e dos compromissos e responsabilidades em relação à vida pessoal e coletiva e nada melhor do que aliar os estudos dos temas transversais ao estudo literário das obras de Monteiro Lobato, utilizando práticas artísticas e de reciclagem par que o aprendizado ocorra de forma lúdica e prazerosa.
Descobrimos na literatura de Lobato busca pela identidade racional e preservação da dignidade humana, igualdade de direitos, participação e direito à educação e corresponsabilidade pela vida social.
A ética é uma constante nas obras de Lobato, sempre lembrando que a dimensão ética da democracia consiste na afirmação daqueles valores que garantem a todos o direito de ter direito.
Em especial nos propomos a observar a ética nas fábulas de La Fontaine e Esopo (traduzidas por M. Lobato) para discutirmos a ética e a moral e o aspecto fundamental da existência humana: a criação de valores tão necessários ao convívio em sociedade.
Discutimos o conceito filosófico de ética como reflexão crítica sobre a moral. Produzimos textos livremente após o estudo refletindo sobre o Dia Internacional da Mulher e o papel da mulher em diferentes épocas e na atualidade e em especial o papel da mulher nas obras de Lobato vale exemplificar o texto “Presidente Negro” que é como um manifesto feminista reflexivo.
Refletimos especialmente a citação do autor no conto Negrinha “existem dois momentos sublimes na vida da mulher, o momento da boneca preparatório e o momento dos filhos definitivo. Depois disse está extinta a mulher”.
Em especial falamos sobre o papel da mídia na sociedade brasileira hoje e os desafios de uma reflexão ética do papel da mulher na sociedade atual.
A pluralidade Cultural foi um desafio até certo ponto, pois, como se trata de uma escola evangélica parecia tabu falar em crenças afro-brasileiras e capoeira, etc, nós procuramos conduzir o tema sem ferir as crenças, mas tratando de forma clara e objetiva, partindo da formação do povo brasileiro e nossa herança do povo português, os índios primeiros habitantes da terra e dos negros que foram feitos escravos e que nos legaram uma diversidade cultural e até mesmo alimentar enorme. Aprendemos técnicas de reciclagem de papel e outros e decoramos os eventos.
Refletimos sobre a importância de Tia Nastácia como personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo e pela forma respeitosa como era tratada pelos netos da Dona Benta e até mesmo pela irreverente Boneca Emília.
Sofremos ao ler o conto “Negrinha” e conhecer o sofrimento daquela menina, refletindo ao mesmo tempo o desrespeito a pessoa humana que acontecia com todos os escravos.
Avaliamos o objetivo dos portugueses ao colonizarem o Brasil, o contexto da época e o que mudou após a independência, também o legado cultural que nos deixaram. Em especial refletimos a respeito da injustiça com os povos indígenas que tiveram sua cultura praticamente dizimada e vivem atualmente como tutelados da FUNAI, a luta pela propriedade da terra e preservação de sua cultura e o que incorporamos ao nosso dia-a-dia da cultura indígena.
Visitamos o Centro de Cultura e Convívio dos Povos Indígenas e os alunos ficaram encantados com este convívio. Aliamos este estudo ao evento de comemoração ao Descobrimento do Brasil, Aniversário de Brasília (também realizamos uma excursão com os alunos aos pontos turísticos de Brasília), Aniversário de Sobradinho e Libertação dos Escravos.
Os alunos confeccionaram trabalhos artísticos, fizeram murais e também produziram textos muito bons que fizeram parte da coletânea da escola. A reflexão principal foi sobre a desigualdade social e discriminação articulando-se no que se convencionou denominar “exclusão social” produzida pela sociedade. Em aritmética da Emília estudamos conteúdos da série e a geometria presente nos monumentos de Brasília.
O meio ambiente foi estudado a partir do texto a “Reforma da Natureza” de Monteiro Lobato, o meio ambiente do Sítio e o tema da campanha da Fraternidade: “Água Fonte de Vida”.
Estudamos os recursos hídricos de Sobradinho, as formas de preservação do meio ambiente no que tange aos recursos minerais, animais, vegetais e sobre tudo o ser humano como ser inteligente e responsável pelo meio ambiente. Os textos produzidos pelos alunos refletiram uma maior conscientização quanto a preservação do meio ambiente.
A saúde foi consequência do estudo sobre o meio ambiente e fizemos uma interdisciplinaridade consciências e os conteúdos de saúde estudados na série. O importante foi que os alunos entenderam a importância de cuidarmos de nossa saúde física, mental e espiritual a partir dos textos de educação religiosa e a obra de Lobato foi somente um suporte, pois, fala de uma vida saudável, em contato com a natureza e uma elevação da consciência ambiental e cultural para que passem a cuidar melhor de si mesmos e do meio ambiente. Exemplificando falamos de Jeca Tatu, personagem criado por Monteiro Lobato para falar do abandono do homem do campo e da falta de cultura e direitos humanos da época, a partir do estudo da obra estabelecemos um paralelo com a época atual falando de uma reforma agrária e sua importância. Os alunos falaram em seus textos da saúde e da valorização do eu, da individualidade, nossas características genéticas e o respeito às diferenças. Procuramos dar ênfase a natureza “cíclica” da natureza, sustentabilidade, manejo e conservação ambiental e sua relação com a nossa saúde.
 A orientação sexual pegou o “gancho” da saúde, pois falamos de reprodução humana e animal e focando o corpo como matriz da sexualidade e o papel social da mulher na época de Monteiro Lobato e no mundo atual. Trabalhamos a ética das relações, debatemos sobre o papel dos meios de comunicação e a descaracterização do casamento, do amor e da relação homen-mulher. Falou-se da banalização do sexo, da desvalorização da mulher e a importância de uma sexualidade responsável como garantia de uma vida feliz, saudável e livre de doenças sexualmente transmissíveis.
O trabalho e consumo enquanto o tema transversal no mundo globalizado, trabalhos no estudo aliado aos estudos de geografia e história e às necessidades atuais dos jovens no mercado de trabalho. Nas histórias de Tia Nastácia a geografia de Dona Benta, localizamos a Grécia das Olimpíadas e a oportunidade de geração de empregos num evento de tal porte. Enfocamos mais uma vez a saúde ligada a praticas esportivas e produzimos textos sobre os assuntos tratados. Nas aulas de ciências/química os alunos aprenderam a confeccionar velas, sabonetes artesanais e outros e refletiu-se sobre a importância do artesanato, não somente como ornamentação da escola em eventos, mas como fonte de renda para muitas famílias.
Para maior enriquecimento vocabular lemos para a turma “O Colocador de Pronomes” de monteiro Lobato para incentivá-los a se esmerarem na correção vocabular e produção de textos redacionais, despertando o cuidado com a nossa língua materna, beleza e clareza linguística nos textos da coletânea da escola.

Em suas obras emergem a compreensão do ser humano, do mundo e da sociedade. De sua obra se compreende o papel do professor, do aluno, da escola e dos elementos que compões o ambiente escolar. Oportunamente analisando as tendências pedagógicas e a prática docente que os professores envolvidos no projeto adotam e os estudantes do curso de pedagogia puderam entender melhor o cotidiano da sala de aula.
Os estudantes tiveram oportunidade de analisar os ambientes educativos e a epistemologia dos professores.
Na pesquisa lemos: Fernando Becker* que desenvolveu a ideia de modelos pedagógicos e modelos epistemológicos para explicar os pressupostos pelos quais os professores atuam.
*O professor Fernando Becker é Doutor em Psicologia escolar e atua profissionalmente na Faculdade de Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Lemos também durante a pesquisa a classificação do processo de ensino e de aprendizagem segundo as abordagens pedagógicas Mizukami (1986).
Segundo Mizukami (1986, p. 99) a relação professor-aluno é horizontal e não imposta, onde um educador se coloca no lugar do outro para que o processo educacional seja real, consciente.
[...] O professor procurará criar condições para que, juntamente com os alunos a consciência ingênua seja superada e que estes possam perceber as contradições da sociedade e grupos em que vivem.
Haverá preocupação com cada aluno em si, com o processo e não com produtos de aprendizagem acadêmica padronizados. O diálogo é desenvolvido segundo o estudioso, ao mesmo tempo em que são oportunizados a cooperação a união a organização, a solução em comum dos problemas.
Nós nos aprofundamos na abordagem humanista em que considera a escola lugar onde se oferecem condições que possibilitam a autonomia do aluno, cognitivista que prevê que a escola deve possibilitar que o aluno aprenda para si mesmo (pela pesquisa) e a abordagem sociocultural, segundo a qual a escola é local onde deve ser possível o crescimento mutuo do professor e dos alunos, num processo de conscientização, na auto-avaliação ou avaliação mútua e permanente da prática.
O estudo das tendências pedagógicas foi fascinante na medida que nos favoreceu uma viagem histórica e nos oportunizou ir ao encontro dos diferentes saberes, das diferenças do saber, conhecer e acompanhar as filigranas que envolvem a evolução do pensamento pedagógico, desde a Antiguidade até os dias de hoje.
Essas abordagens contribuíram como matéria-prima para estudarmos a nossa função, ao estudarmos a escola e o aluno, a fim de dispor de alternativas que o subsidiarão na escolha da futura práxis ao acadêmico do curso de pedagogia, distinguindo elementos favoráveis e desfavoráveis em cada uma das tendências frente a contemporaneidade.Os acadêmicos entenderam que a escolha do caminho a seguir, é postulado na proposta pedagógica da instituição, não um ato solitário, mas uma opção feita de forma consciente no coletivo de toda a comunidade escolar.

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